Talvez você não lembre ou mesmo nem tivesse nascido ainda, mas já houve um tempo em que o cinto de segurança era um acessório quase que decorativo nos veículos e seu uso era opcional. Logo, a grande maioria dos brasileiros só apertava o cinto em viagens longas e olha lá… Essa realidade começou a mudar em 1997 com a publicação do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Foi o artigo 65 do do CTB que instituiu a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança para condutor e passageiros em todas as vias do território nacional. A partir de então ocorreram muitas campanhas institucionais e se impôs rigidez na fiscalização para que o uso do cinto de segurança se tornasse um hábito na rotina de todos os brasileiros. Mas, mesmo obrigatório há mais de 20 anos, o uso de cinto de segurança ainda encontra resistências.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do IBGE, 20,6% da população declarou não usar cinto de segurança sempre que anda de carro ou de van nos bancos da frente. E os dados são ainda piores para quem viaja no banco de trás, onde apenas metade da população utiliza a proteção. E nas áreas rurais o índice registrado cai para míseros 44,8%.

Outro hábito que precisa ser adquirido é utilizar o cinto de segurança mesmo que em curtas distâncias ou trajetos realizados em baixa velocidade. A realidade é que oito em cada dez pessoas que não usavam cinto de segurança morreram em acidentes com pelo menos um dos veículos a menos de 20 km/h.

Ainda, um estudo da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) mostra que cerca de 50% dos acidentes graves e/ou fatais ocorrem a menos de 50 km de casa, outros 25% ocorrem entre 50 e 200 km. Ou seja, mais da metade dos acidentes graves e/ou fatais ocorrem em menos de 30 minutos de passeio

O fato é que o cinto de segurança é um item obrigatório e, apesar de comprovadamente proteger de acidentes de trânsito, ainda é ignorado por condutores e passageiros. O cinto reduz em 70% os riscos de lesões e em 40% os riscos de mortes dos ocupantes de um veículo. E, em caso de colisão, o ocupante que não utiliza o dispositivo de segurança é projetado para frente com peso 15 vezes maior.

E além dos riscos à saúde e segurança do motorista, passageiros e mesmo os viajantes dos outros veículos e até pedestres, não usar o cinto de segurança ou deixar que os passageiros não o usem também é prejudicial à saúde financeira. Somado aos custos com tratamentos, indenizações e processos burocráticos que envolvem um acidente, conforme o artigo 167 do CTB “deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto de segurança, conforme previsto no art. 65” é uma infração de trânsito grave com penalização de multa de R$ 195,23 e retenção do veículo até colocação do cinto pelo infrator.

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Como funciona e qual o uso correto do cinto de segurança

O cinto de segurança é um dispositivo barato, simples de ser usado e capaz de salvar vidas em caso de acidentes. Diariamente o dispositivo protege motoristas e passageiros de possíveis impactos violentos no interior do carro, ou mesmo o arremesso para fora do veículo, em caso de colisões. O item ainda contribui para reduzir os riscos de ferimentos na cabeça, no rosto, no pescoço e na coluna dos ocupantes do veículo.

Basicamente o cinto de segurança é uma faixa de material flexível que passa pelo tórax e cintura e que está fixada em locais bastante resistentes no automóvel e é acionada em situações de impacto para impedir que o corpo seja projetado para fora do automóvel. O sistema é um pouco mais complexo, composto por um mecanismo interno com outros elementos que garantem o funcionamento do sistema.

O uso correto do cinto de segurança depende primeiramente do ajuste da postura corporal, é preciso sentar com os quadris e com as costas posicionados firmemente contra a parte de trás do assento. Ajustada a postura, agora é o momento de colocar o cinto. Para que a segurança seja efetiva segure e puxe a língua do cinto, lembre-se de verificar se a correia não está torcida. Insira a correia na parte da fivela, e quando ouvir o “click” estará tudo certo. Em seguida, puxe a porção de cintas da fivela para o ombro levemente para longe do seu corpo, logo, solte-a. Essa prática ajuda a eliminar qualquer folga no cinto.

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Tipos de cintos de segurança

Os cintos de segurança se diferenciam, basicamente, pela quantidade de pontos ou extremidades que são conectados ao veículo.

CINTO DE SEGURANÇA DE 2 PONTOS

Esse é um dos primeiros cintos de segurança existentes. É o que está presente até hoje nas aeronaves comerciais, ônibus e em alguns bancos traseiros de carros. Difundiu-se nos anos 80 quando passou a aparecer na maioria dos carros populares. Sua principal característica é a proteção à cintura, impedindo que o corpo vá para frente em colisões ou frenagens bruscas.

CINTO DE SEGURANÇA 3 PONTOS

O cinto de segurança de 3 pontos tem disposição em formato de Y e protege, além da cintura, os ombros, tórax e bacia. O cinto de segurança 3 pontos é o mais eficaz, pois o impacto é absorvido e distribuído por uma área maior do corpo humano.

Jamais utilize qualquer artifício para aumentar a folga no cinto, como presilhas ou pregadores. O correto é utilizar o cinto por cima do ombro, logo abaixo do pescoço. Além de ajustar para que ele passe pelos quadris, não na barriga.

Grávidas devem usar o cinto independentemente do tempo de gestação. O cuidado deve ser maior com a parte de baixo do cinto, que deve ficar sempre abaixo da barriga.

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Manutenção do cinto de segurança

Como todo componente de um carro, o cinto de segurança também tem vida útil e com o desgaste pode apresentar falhas e não ser mais confiável. E como é um item importante, se vir a dar defeito, pode colocar a segurança dos ocupantes em risco. Por isso, é importante sempre analisar o estado do equipamento.

Alguns sinais indicam que o cinto de segurança deve ser trocado, como: fivela que não se mantém presa ao fecho; dificuldade para desafivelar o cinto do fecho ou o tecido do cinto apresentando rasgos ou desgaste. Em todas essas situações, você deve procurar um profissional para realizar a troca.

Cinto de segurança no banco traseiro

Segundo o Ministério da Saúde, mais da metade das pessoas não utilizam o cinto quando estão no banco traseiro. Os passageiros têm a falsa sensação de segurança que o banco traseiro proporciona, porque imaginam que estão protegidos pelos bancos dianteiros e que estão longe do para-brisa.

Porém, isso não é verdade. A força que uma pessoa recebe em uma batida é algo em torno 35 vezes o seu peso. Com uma força tão grande, não há banco que possa pará-la. O resultado é o passageiro de trás esmagando a pessoa sentada à frente e se lesionando gravemente.

Dados divulgados pela unidade de Brasília do hospital Sara Kubitscheck, comprovam a importância de usar o cinto de segurança no banco traseiro, já que 30% das vítimas de acidentes atendidas no hospital estavam sentadas no banco de trás sem usar o equipamento.

Não podemos ignorar que nem sempre o acidente é uma colisão frontal. No caso de batidas laterais e capotamentos, o cinto de segurança também protegerá todos os ocupantes de serem arremessados contra si, em direção a alguma parte do carro ou até mesmo para fora do veículo.

Então, vale lembrar que, apesar dos avanços tecnológicos, o cinto de segurança de três pontos continua sendo o equipamento que mais salva vidas. Use-o, sempre, independente da distância do seu destino!