Quem decidiu trocar de carro ou então precisou adquirir um durante a pandemia logo de cara percebeu a diferença nos valores. Mas você sabe porque os carros estão mais caros? Continue lendo esse texto que vamos lhe explicar!

Desde 2020 o mercado automobilístico está aquecido, sofrendo reajustes gerados por diferentes motivos. Levantamento feito com sete modelos de diferentes segmentos vendidos no Brasil revela que, no período de um ano, o preço subiu em média 22%.

As causas para esses reajustes vão de fatores climáticos, passando pela pandemia de covid-19 e toda instabilidade econômica decorrente dela. Se você está à procura de um carro ou acompanhou os preços dos veículos, com certeza percebeu a alta dos preços.

Ao passo que ficou mais caro comprar um carro, o mercado para venda nunca esteve tão favorável. Com a falta de disponibilidade de modelos novos e a escassez de seminovos e usados, muitos proprietários estão aproveitando o momento para vender seus veículos com um lucro diferenciado.

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Afinal, porque os carros estão mais caros?

FALTA DE INSUMOS

O mercado de carros zero quilômetros foi diretamente impactado pela falta de um componente que afetou o mundo inteiro: os semicondutores. A escassez global de semicondutores para produção dos diversos módulos eletrônicos que equipam veículos paralisou linhas de produção inteiras.

As causas para esse problema vão desde a guerra comercial entre Estados Unidos e China (fatores geopolíticos), passando por um erro de cálculo que levou alguns fabricantes a estocar a produção no início da pandemia, até a influência de condições climáticas.

Quando o mundo parou no começo da pandemia, a produção de semicondutores teve de ser desacelerada para acompanhar a falta de produção das montadoras, que viram sua demanda diminuir ao mesmo tempo em que tiveram que parar atividades para conter a contaminação. Ao mesmo tempo, a produção de semicondutores foi, então, redirecionada para a indústria de aparelhos eletrônicos, como computadores, celulares e TVs, que viu sua demanda explodir com o home office e o distanciamento social.

Somam-se o embargo estadunidense à maior fabricante de chips da China impedindo-a de manter sua capacidade total de produção e incêndios em outras duas grandes fabricantes e o cenário resultando não poderia ser outro: terra arrasada. A Associação da Indústria de Semicondutores da China (CSIA) classificou a falta dos componentes como uma situação “sem precedentes”.

Todo esse cenário explica porque os carros estão mais caros, principalmente os modelos novos, que acabam refletindo no preço final e os custos elevados dos componentes em escassez. Por sua vez, o aumento constante do preço dos carros novos provoca o impacto direto nos seminovos, que acompanham o reajuste.

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PARALISAÇÕES

Além disso, alguns países impuseram o lockdown inclusive ao setor da indústria, paralisando as fábricas completamente por várias semanas. Essa pausa completa da produção provocou uma queda brusca no fornecimento de todos os tipos de componentes para a indústria automotiva, aumentando o desequilíbrio entre a oferta e a demanda.

Quando existem peças disponíveis, há outro desafio: adaptar a linha aos modelos que podem ser feitos, alterando toda a programação das fábricas. Outro impacto na produção é a readequação da mão de obra com os níveis mais baixos de produção.

Dessa forma, a escassez dos semicondutores e outras matérias primas que levou à paralisação das fábricas, resultou num aumento da demora na liberação dos veículos. Consequentemente, a redução de veículos disponíveis para a compra, surtiu uma elevação do valor final, explicando porque os carros estão mais caros.

BAIXO ESTOQUE

A maior justificativa para alta no preço de seminovos é a baixa nos estoques de lojas e concessionárias independentes. Isso porque diante dos constantes problemas na produção de veículos novos, como filas de espera de meses por um carro novo, os consumidores têm migrado para o mercado de usados, que teve um aumento de demanda sem que a oferta acompanhasse.

FATORES ECONÔMICOS

Outro fator que explica porque os carros estão mais caros é o forte aumento do dólar frente ao real, de janeiro de 2020 a maio de 2021, a cotação do dólar subiu 29%. Embora muitos modelos de carros sejam fabricados no país, muitos componentes desses modelos são importados e cotados na moeda estadunidense. A desvalorização do real tornou esses componentes importados mais caros para toda a cadeia de fabricação. De tal forma que o Dólar impacta de 30% a 70% de um carro produzido no Brasil.

Tanto a escassez de insumos quanto, a alta dólar influenciaram no aumento do preço de matérias-primas, como borracha, resinas e aço. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, a Anfavea, o aço teve alta de 61% no primeiro trimestre de 2021. Outros custos de produção também registraram alta, como a conta de energia, e o frete aéreo e marítimo, que contam com reajustes na casa dos 105% e 339% respectivamente.

Devemos considerar ainda a crescente inflação, como aponta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 8% registrado entre maio de 2020 e maio de 2021. Com a inflação ascendente começa o círculo vicioso de aumento dos insumos que aumenta o produto final que leva ao aumento dos insumos e assim sucessivamente.

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QUESITOS DE SEGURANÇA

Um elemento que também justifica porque os carros estão mais caros é a evolução dos projetos de automotores nos quesitos segurança e emissões veiculares. Na maioria das vezes essas mudanças são demandadas por força de lei, como a exigência de airbags frontais e freios ABS a partir de 2014. Porém, o mercado também ajuda a elevar o nível dos projetos, principalmente quando falamos em conectividade atualmente.

Logo, podemos responder a pergunta “porque os carros estão mais caros?” por diferentes ângulos. Primeiro a escassez de insumos aumenta o valor dos componentes afetando no valor final do produto. Segundo, as paralisações e atrasos na produção diminuem a oferta, valorizando as poucas opções disponíveis no mercado. Além disso, fatores econômicos exclusivos do nosso país também afetam diretamente no valor dos carros, como a alta do dólar e da inflação.