Você já se perguntou por que não existem muitos modelos de carros a diesel disponíveis para compra em nosso país? Talvez não tenha lhe ocorrido ainda o motivo dessa ausência, mas com os reajustes semanais no valor da gasolina, com certeza você já desejou um carro a diesel!
Aliás, o motivo para não existirem muitos modelos de carro a diesel no Brasil está também relacionado com políticas de preço e valorização de um combustível: o etanol. Para entender tudo isso vamos precisar retroceder alguns anos…
Contexto político e econômico da proibição de carros a diesel no Brasil
Na década de 1970, quando o mundo ainda se recuperava dos efeitos da Segunda Guerra Mundial, todo globo foi impactado com a descoberta da finitude do petróleo. Saber que o combustível do mundo não era uma fonte de energia renovável e estava com seus dias contados abalou a economia mundial causando a famigerada crise do petróleo. O preço do petróleo sofreu muitas variações a partir de tal década, o que levou os militares brasileiros, governantes do país no período, incentivarem uma produção nacional que viesse a substituir os combustíveis derivados do petróleo, como o diesel e a gasolina.
Como a tecnologia a diesel era altamente poluente, os motores eram ruidosos e de baixo desempenho, seu uso foi restringido para o transporte de carga, geradores, máquinas de construção e agrícolas. Isso porque esse maquinário exigia maior força e potência para realização das atividades.
Sendo assim, o governo militar decidiu subsidiar o preço do diesel e limitar sua utilização apenas aos meios produtivos, proibindo seu uso em carros de passeio. Tornando o Brasil o primeiro e único país no mundo que proíbe a comercialização de carros a diesel.
Assim nasceu a portaria MIC nº. 346, de 19 de novembro de 1976, que proíbe a comercialização de veículos de passageiros a diesel, complementada pelas portarias 140 de 90 (que inclui caminhonetes de uso misto na proibição); 23 de 94 (que proíbe o consumo de diesel como combustível) e a Resolução 25 de 98 (que proíbe o licenciamento de veículos a diesel).
Carros a diesel autorizados no Brasil
Atualmente, a lei continua em vigência e os únicos veículos que podem receber motorizações a diesel são os caminhões, ônibus e picapes com capacidade de carga superior a 1 tonelada, como Fiat Toro, Ford Ranger, Chevrolet S10 e Toyota Hilux. Também são autorizados veículos com tração reduzida ou com a primeira marcha muito curta, como é o caso dos Jeep Renegade e Compass.
Eventualmente surgem iniciativas no legislativo para derrubar o veto aos carros a diesel, mas como o cenário econômico pouco se alterou quanto a importação do petróleo e os constrangimentos ambientais só aumentaram desde então é muito improvável o sucesso dessas propostas.
Vantagens do motor a diesel
Do ponto de vista técnico, um motor a diesel trabalha com uma compressão muito maior dentro dos cilindros na comparação com um a gasolina ou etanol. Com isso, ele aproveita a energia liberada pela combustão de maneira mais eficiente. Em média, um propulsor a diesel pode ser 30% mais econômico do que um a gasolina de mesma cilindrada. Além disso, gera mais força, podendo oferecer até 50% a mais de torque que um motor a gasolina equivalente.
Por trabalharem com pressões internas maiores, os propulsores a diesel precisam ser construídos de maneira mais robusta. Além disso, também trabalham com regime de rotações mais baixas. O resultado é um motor bem mais robusto e duradouro. Enquanto a vida útil de um motor a gasolina gira em torno de 250 mil km, é fácil ver caminhões ultrapassando 1 milhão de km sem dificuldades, apesar de pegar no batente todos os dias.
Ambientalmente o diesel foi duramente reprovado porque emitia muito material particulado maligno para a saúde humana. Mas, desde janeiro de 2013 chegou ao mercado nacional o Diesel S10, mais limpo e menos nocivo à saúde. Essa nova mistura do diesel tem baixo teor de enxofre em sua composição, sendo esse elemento químico é o principal responsável pela emissão de material particulado.
Enfim, carros a diesel, se permitidos, seriam menos poluentes, mais resistentes, com uma vida útil mais elevada, menos despesas com manutenção e peças e o combustível mais acessível do mercado nacional. Todos os fatores compensariam o preço mais alto na hora da compra quando comparados ao motor flex.
Desvantagens do motor a diesel
Com o custo mais alto para sua produção e estando os motores a gasolina se tornando cada dia mais eficientes, fazendo forte concorrência aos carros a diesel, na hora da compra a balança tende a pesar para o carro flex.
Se, por um lado, os motores a diesel geram mais torque, ficam devendo em potência na comparação com aqueles movidos por gasolina ou etanol. O número de potência é um cálculo feito levando-se em consideração o torque, o giro do motor e uma constante matemática. Como o propulsor a diesel gira pouco, tem menos potência. Além de apresentar vibrações mais fortes, peso elevado e maiores níveis de ruído.
Do ponto de vista ambiental, se em comparação ao motor a gasolina os carros a diesel emitem volumes menores de CO2, a emissão de óxido de nitrogênio é bem superior. O diesel é considerado uma das principais fontes de dióxido de nitrogênio, um conjunto de substâncias que contribui para a poluição atmosférica na forma de partículas no ar e ozônio, e tem como principal vilão o dióxido de nitrogênio (NO2). Carros a diesel emitem NOx até 20 vezes mais do que se fossem movidos a gasolina.
Já no contexto econômico do país, o Brasil segue desenvolvendo todo um projeto para estimular o uso do álcool. E nesse sentido, o diesel prestaria um desserviço a todo este esforço.
Bom, esperamos ter respondido a pergunta: por que não existem carros de passeio a diesel no Brasil? Continuem nos acompanhando para mais novidades e fatos curiosos do universo automobilístico. Até a próxima!